Equidade em saúde, acesso tecnológico e credenciamento: Em conversa com Pedro Delgado, vice-presidente do IHI
Em uma entrevista exclusiva ao MEG, Pedro Delgado, vice-presidente do Institute for Healthcare Improvement (IHI), falou sobre equidade e humanização na área da saúde na América Latina. A conversa esclareceu os inúmeros desafios e oportunidades promissoras que a região enfrenta em sua busca por um sistema de saúde mais equitativo e centrado no ser humano.
Confira a entrevista completa em vídeo aqui
Missão Global e Equidade
Ao discutir sua função de liderança no IHI, Pedro Delgado articulou a missão abrangente da organização para melhorar a saúde e os serviços de saúde em escala global. Enfatizando o valor intrínseco da assistência médica equitativa para todos, independentemente da capacidade financeira, Delgado destacou a equidade como um pilar fundamental em sua abordagem.
Ele resumiu sucintamente sua missão, afirmando,
"Nossa missão é melhorar a saúde e os serviços de saúde em todo o mundo, incluindo todas as populações. Isso se refere não apenas àqueles que podem pagar, mas a toda a população, vinculando nosso trabalho à equidade."
Humanização na América Latina
Ao abordar o conceito de humanização na América Latina, Delgado expressou entusiasmo pelo termo autóctone usado na região. No entanto, ele levantou uma questão sobre a necessidade de lembrar a humanização na prestação de serviços de saúde, destacando a importância de avançar persistentemente em direção a uma humanização mais profunda da saúde em toda a região.
"Ele está sendo usado de maneiras muito boas na América Latina, e acredito que ainda há muito a ser feito para continuar avançando nesse caminho rumo à profunda humanização da saúde na América Latina."
Desafios na humanização da saúde
Quando perguntado sobre os desafios da humanização do setor de saúde, Delgado apontou os obstáculos arraigados na estrutura educacional e hierárquica. Ele enfatizou a necessidade de superar a busca por soluções absolutas e uma mentalidade hierárquica rígida, defendendo o abandono de uma cultura de reclamações. Delgado pediu uma mudança para uma postura proativa, incentivando os indivíduos a abraçarem sua capacidade de mudança. Ele identificou esses desafios e imperfeições sistêmicas como contribuintes para um ambiente de saúde sob pressão.
"Os principais desafios que temos como setor de saúde na busca da humanização estão relacionados à nossa compreensão do que significa educar e sentir, e nossa abordagem às hierarquias."
"...sermos protagonistas do que é possível e não protagonistas de reclamações, porque essas são opções na liderança: uma é reclamar de tudo o que não funciona e a outra é entender que há coisas que não funcionam, mas nós, como indivíduos, temos a possibilidade de mudar algumas delas."
Medição da desigualdade
Delgado abordou a importância de medir a equidade no setor de saúde a partir de três perspectivas: organizacional, clínica e de saúde da população. Ele destacou a importância de levar em conta a civilidade e a gestão eficaz de recursos humanos dentro das organizações, e a acessibilidade, as experiências dos pacientes e os resultados clínicos no domínio clínico.
"É importante entender a equidade a partir da civilidade, da gestão de recursos humanos, do acesso, da experiência e dos resultados clínicos, bem como da saúde da população, tanto para os funcionários quanto para as comunidades vizinhas."
"A jornada rumo à equidade exige que ouçamos mais e melhor; caso contrário, a probabilidade de sucesso será muito menor."
Soluções tecnológicas e impacto
Com relação ao uso de soluções tecnológicas, Delgado reconheceu as possibilidades que a tecnologia oferece para fechar as lacunas de equidade, especialmente em termos de acesso e escuta. Ele ilustrou dois casos na América Latina, destacando o uso da telemedicina no Hospital Israelita Albert Einstein , na Amazônia, e a implementação bem-sucedida de serviços virtuais de saúde mental pela Fundación Santa Fe em Bogotá, Colômbia.
"A tecnologia é a ferramenta que abre muitas possibilidades para fechar as lacunas de equidade, especialmente no acesso e na escuta."
Conscientização sobre a acreditação
Delgado enfatizou a importância da acreditação dentro do paradigma de qualidade no setor de saúde. Ele identificou barreiras em termos de limitações e custos do sistema de acreditação, ao mesmo tempo em que destacou a importância da transparência e do feedback para melhorar a qualidade do atendimento.
"O credenciamento faz parte da garantia de qualidade, mas é essencial abordar a transparência e ousar receber feedback para melhorar."
"...com a garantia também vem o controle de qualidade, com padrões sob os quais operamos, para que possamos fornecer um serviço adequado."
-Pedro Delgado, vice-presidente do IHI
Em resumo, esta entrevista com Pedro Delgado forneceu percepções valiosas sobre os desafios e as oportunidades na busca de uma assistência médica mais equitativa e humanizada na América Latina, destacando a importância da tecnologia, da medição da equidade e da conscientização da qualidade por meio da acreditação.